Hackelberg: Brasil é parceiro ‘particularmente importante’ da Alemanha em biodiversidade e no combate às mudanças climáticas

A cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Martina Hackelberg, disse, durante a abertura do France-GermanySão Paulo ClimateChangeandBiodiversityScientificCooperation Day no último dia 20 de outubro, que o Brasil é um parceiro “particularmente importante” do país europeu no combate às mudanças climáticas e na biodiversidade.

“É ainda mais crucial para nós termos parceiros fortes para enfrentar os desafios globais relativos à mudança climática e à biodiversidade. O Brasil é particularmente importante para nós e tem um papel fundamental na luta contra a mudança climática. Em muitas áreas já cooperamos muito bem juntos e existem muitos campos para o futuro, como o hidrogênio verde”, afirmou. 

Hackelberg citou exemplos de parcerias de sucesso entre os dois países na área de bioeconomia e pesquisas climáticas. “Esperamos ver muitas outras cooperações, como a parceria entre a empresa química Unigel, que anunciou a instalação da primeira fábrica de hidrogênio verde em escala industrial na Bahia, empregando os eletrólitos da empresa alemã thyssenkrupp nucera. É um exemplo de como locais vantajosos para a produção de hidrogênio verde no Brasil e a tecnologia alemã andam de mãos dadas”, relatou. 

“Outro exemplo muito visível de cooperação bem-sucedida entre Brasil e Alemanha é o Observatório da Torre Alta da Amazônia, uma torre de mais de 325 metros de altura no meio da floresta amazônica, onde pesquisadores de ambos os países coletam dados sobre a atmosfera e a biosfera. E aqui na USP temos o ‘Laboratório Klimapolis’, um projeto conjunto de longa data com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de cidades ambientalmente resilientes no Brasil”, disse. 

O evento, organizado pelos consulados gerais da França e da Alemanha em São Paulo e pela Fapesp e realizado no Instituto de Pesquisas Tecnológica (IPT) da Universidade de São Paulo (USP), discutiu resultados de pesquisas colaborativas entre a instituição de fomento e os países europeus nos temas de biodiversidade e mudanças climáticas. O encontro reuniu especialistas da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Centre National de la Recherche Scientifique, dentre outros. 

Dois projetos de cooperação teuto-brasileira foram apresentados no evento: “Dynamical Phenomena in Complex Networks”, de Elbert E. N. Macau (Unifesp) e Jürgen Kurths (Humboldt-Universität zu Berlin); e “A case study on the challenges/opportunities for investigating biodiversity-climate change relations”, uma parceria entre Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Unicamp, Universidade Técnica de Munique (TUM) e Met Office (Reino Unido). 

Ciência não é opinião 

Assim como o cônsul-geral da França, Hackelberg afirmou que, lamentavelmente, tem sido necessário reiterar que ciência é informação. “Ciência não é simplesmente uma opinião. É sobre informação, sobre a busca pelo progresso e pelo conhecimento. É de se imaginar que isso não precisaria ser dito, mas, infelizmente, parece ser necessário enfatizar sempre, contra o difusão de fake news, as tentativas de desacreditar a pesquisa científica e as de limitar a liberdade acadêmica só porque ela traz notícias ruins. E, da mesma maneira: mudanças climáticas não são uma opinião.” 

Segundo ela, a Alemanha faz sua parte contra os desafios que se apresentam na batalha contra as alterações no clima. “Já estamos reduzindo drasticamente nosso consumo de gás, mirando em uma redução de 20% nos próximos meses. E estamos acelerando nossa transição energética ainda mais. A Alemanha permanece 100% comprometida com suas metas climáticas e continuará a ser líder” neste quesito, disse.