Gestão da água para o desenvolvimento urbano sustentável

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O fornecimento de serviços hídricos, de saneamento e de água potável são elementos essenciais do desenvolvimento sustentável, sustentável, que precisam de atenção política e financeira dos governos nacionais e locais.

A água é a fonte da vida, da saúde e dos meios de subsistência e produção em todo o mundo. O fornecimento de serviços hídricos, de saneamento e de água potável são elementos essenciais do desenvolvimento sustentável, que precisam de atenção política e financeira dos governos nacionais e locais. As temáticas de água e saneamento foram assuntos debatidos também no 5º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação “The City of Tomorrow – Tackling Urban Challenges and Opportunities”.

O acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento básico está previsto no Objetivo 6 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que foram lançados na 21ª Conferência das Partes, a COP 21, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em dezembro de 2015, em Paris. Também conhecido como o Acordo de Paris, a Agenda 2030 foi aprovada por 195 países, representando um marco de combate às mudanças climáticas e dedicação ao desenvolvimento sustentável.

Atualmente, o planeta tem água suficiente para alcançar esse objetivo, porém, a falta de financiamento, governança, manejo e infraestrutura impede o acesso a essas necessidades básicas para bilhões de pessoas no mundo. Além disso, as pressões e implicações associadas à urbanização acelerada e a condições meteorológicas desequilibradas, devido à mudança climática global, tornam o objetivo de água e saneamento básico universal mais urgente do que nunca, particularmente para as grandes metrópoles mundiais.

Angelika Fink, palestrante convidada do 5º Diálogo e gerente da companhia de fornecimento de água Hessenwasser GmbH, reflete sobre o papel central dos serviços hídricos e de saneamento para o desenvolvimento urbano sustentável, ressaltando que nas grandes metrópoles, o fornecimento de água e saneamento precisa funcionar totalmente e que, para isso, é necessária uma abordagem compreensiva que prioriza o desenvolvimento de sistemas de gestão de água integradas e adaptadas às condições locais. “Isso demanda ser eficiente, cobrir custos e priorizar a transparência, cumprindo também com as normas técnicas e os requerimentos legais que garantem alta qualidade e segurança”, acrescentou.

As abordagens compreensivas e os sistemas integrados estão ganhando cada vez mais importância, priorizando também a eficiência energética e a proteção dos recursos hídricos e dos ecossistemas. A infraestrutura e a inovação tecnológica são cruciais para o desenvolvimento sustentável no setor de água e saneamento. O palestrante convidado e professor de Engenharia Marcelo Zaiat, da Universidade de São Paulo (USP), apresentou o conceito de biorrefinaria e sua aplicação nas estações biológicas de tratamento de águas residuais, com a geração de bioenergia e produtos com alto valor agregado. A inovação tecnológica tem sido, e continuará sendo, fundamental para a melhoria do setor de água e saneamento.

Nos últimos 30 anos, foram realizados progressos enormes no setor. Desde 1990, o número de pessoas no mundo com acesso a fontes de água potável cresceu em mais de 2 bilhões. Desde 2010, o número é de mais de 6 bilhões da população mundial. Igualmente, o acesso ao saneamento cresceu consideravelmente nos países em desenvolvimento, de 36% da população, em 1990, para 56%, em 2010, segundo dados do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN Habitat).

Todavia, apesar dos importantes avanços realizados, o acesso à água potável e ao saneamento básico são problemas que persistem. A escassez de água afeta mais de 40% da população mundial e esse quantitativo tende a aumentar. Além disso, 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico, como sanitários e latrinas, e mais de 80% das águas residuais de atividades humanas é descarregada em rios e oceanos sem tratamento, ainda de acordo com o UN Habitat.

As grandes cidades de economias emergentes e em desenvolvimento vão enfrentar grandes desafios em relação à gestão e distribuição de recursos, já insuficientes e mal geridos para uma população crescente. Para se atingir o objetivo de universalização da água potável e do saneamento básico, a implementação de novas abordagens, soluções e inovações é essencial.

Reconhecendo os enormes desafios a serem enfrentados, será necessário estabelecer sistemas de água resilientes e integrados para fornecer soluções sustentáveis focadas no uso direto e na gestão local, acrescentando também as oportunidades apresentadas pela inovação tecnológica, pela reciclagem de água, pelo tratamento de águas residuais e pelo complemento água-energia renovável nas áreas metropolitanas.