Como a robótica e a automação apontam para novas oportunidades na agricultura

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Promovendo o crescimento natural com tecnologia moderna: a era digital dá formas inovadoras à agricultura e à engenharia florestal.

A palavra “robô” faz com que muitos pensem nas formas humanoides dos filmes de ficção científica. Não é raro, portanto, que se desconsidere que máquinas reais e inteligentes, embora de aparência menos espetacular, já assumem várias tarefas: ora elas se parecem com carros, ora com um braço de metal em uma fábrica, outras vezes, com pequenos helicópteros. O Instituto Fraunhofer de Engenharia de Software Experimental (Fraunhofer IESE) concentra-se na interface entre componentes eletrônicos e software. “Nosso objetivo é compreender o status quo da arquitetura de uma máquina, para, a partir disso, deduzir as demandas para os sistemas autônomos e apoiar seu desenvolvimento”, afirma o Dr. Pablo Oliveira Antonino, chefe de departamento no Fraunhofer IESE e palestrante no Workshop “Agro 4.0”, organizado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) São Paulo em cooperação com a Fraunhofer, em agosto de 2018.

Pablo Oliveira Antonino
A digitalização no campo: Pablo Oliveira Antonino no Workshop “Agro 4.0” em São Paulo

“Um dos principais benefícios da Agricultura 4.0 é a inclusão dos sistemas de software”, enfatiza Antonino. “Eles permitem que pontos fracos de um campo agrícola cultivado sejam reconhecidos. Isso é de grande importância, especialmente para países como o Brasil, onde as fazendas com frequência se estendem por muitos quilômetros quadrados. Com a implementação de câmeras, drones e sistemas de inteligência artificial, torna-se possível um diagnóstico específico das áreas de um campo que estão sendo mal cultivadas. Após a transmissão desses dados para o sistema, os dispositivos agrícolas podem focar em áreas individuais.”

A colheitadeira automática é apenas uma das muitas entidades nesse cenário da “agricultura de precisão”, ao lado de sensores e drones. Os dados de todos os dispositivos vão para uma nuvem, onde são analisados e relacionados com outros dados, como com o clima ou com outros campos agrícolas. O sistema aprende com isso, e envia de volta instruções para a máquina, para ajustar o seu funcionamento e otimizá-lo de acordo com o estado das plantas. Idealmente, nenhum recurso deve ser desperdiçado.

Para que isso possa funcionar, alguns desafios precisam ser solucionados. A transmissão de dados não deve resultar em qualquer tipo de acesso indevido aos veículos autônomos. Os dispositivos e máquinas individuais necessitam de interfaces padronizadas; eles precisam, por assim dizer, falar a mesma língua. Ademais, as empresas estão se deparando com a questão de quais dados devem ser compartilhados com seus parceiros de negócios — quanto mais se compartilha, mais o sistema aprende.

“As empresas com as quais estamos cooperando sabem que elas logo não serão mais apenas construtoras de máquinas, mas sim empresas de software”, diz Antonino. Segundo ele, o governo alemão estaria num bom caminho, com seu posicionamento de fazer bom uso das oportunidades da mudança digital para os trabalhadores. “Em última análise, muitas atividades árduas deixarão de existir, devido à automatização da agricultura e da engenharia florestal. Se os políticos lidarem com essa tendência, isso pode significar uma oportunidade de uma vida melhor para muitas pessoas.”

Saiba mais

Relatório Anual do DWIH (2018)

Esse artigo foi publicado na edição impressa do Relatório Anual do DWIH (2018). Clique aqui para fazer o download do arquivo PDF, ou visite a versão Pageflow do Relatório (em inglês e alemão).