Brasileiro ganha prêmio Otto Hahn, da Sociedade Max-Planck, por pesquisa sobre jurista Luiz Gama

© lhlt.mpg.de/lima

O pesquisador brasileiro Bruno Lima foi premiado no último dia 21 de junho com a medalha Otto-Hahn, concedida pela Sociedade Max-Planck (MPG), por conta de suas investigações sobre o jurista Luiz Gama (1830-1882), patrono da abolição da escravidão no Brasil.

O doutorado de Lima compreende uma pesquisa sobre a “produção normativa da liberdade na sociedade escravocrata brasileira do século 19”, afirma a MPG. Para isso, ele analisou centenas de casos e processos com a participação de Gama, que se notabilizou por usar as próprias leis da época para libertar escravos. O trabalho de Gama libertou mais de 500 escravos. 

Lima começou a estudar direito na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), mas, por conta de seu interesse em Luiz Gama, concluiu a graduação na Universidade Estadual da Bahia (Uneb), em Salvador, local de nascimento do jurista. A primeira vez em que o pesquisador ouviu falar de Gama foi na adolescência, quando morava no interior de São Paulo e participou da luta pelo reconhecimento do primeiro quilombo urbano no Brasil. 

Em entrevista ao portal UOL, Lima destacou sua trajetória: foi estudante do sistema público de ensino, entrou na universidade pelo ProUni (programa de bolsas de estudo do governo federal) e por meio de cotas, fez mestrado na Universidade de Brasília (UnB) com apoio da Capes e do CNPq e partiu para a Alemanha (sem falar alemão) em uma bolsa de doutorado-sanduíche, que terminou sendo cortada pelo governo brasileiro da época.  

A ponto de voltar para o Brasil, conseguiu uma vaga de doutorado pleno na Universidade de Frankfurt. Além do vínculo com a UnB e com Frankfurt, Lima também é ligado ao Max Planck Institute for Legal History and Legal Theory. 

A dissertação sobre Gama defendida em Frankfurt – segundo ele, em tempo recordevai virar livro, com edições em português e inglês, e conta ainda com prefácio do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida. Além disso, pelo trabalho, ainda vai se tornar o segundo latino-americano da história a ganhar o Walter-Kolb-Gedächtnispreis, concedido pela Universidade de Frankfurt.

A medalha, concedida pela Sociedade anualmente, reconhece as melhores dissertações de doutorado, e, além do título, oferece um prêmio de € 7.500. Além de Lima, o alemão Anselm Kusters também receberá a distinção neste ano, com uma pesquisa sobre os efeitos provocados por diferentes escolas econômicas no direito concorrencial.