Representar o Brasil em experiência transformadora: vencedoras do Falling Walls Lab embarcam para final na Alemanha

As duas primeiras colocadas do concurso Falling Walls Lab Brazil (FWLB) 2022, Isabella Rodrigues, doutoranda em mecânica na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Taís Alves, arquiteta graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre pela Universidade Politécnica de Madri e pela ETH Zurich, embarcam nesta semana para a Alemanha para participar da final global, que acontece de 7 a 9 de novembro. As duas vão apresentar seus projetos vitoriosos para uma audiência internacional, em um pitch de até três minutos, na disputa pelo prêmio final.

“Minha expectativa é representar o potencial da ciência brasileira em tecnologia e inovação, me conectar com pesquisadores e empreendedores do mundo inteiro, buscando colaborações e novos aprendizados, e conhecer a Alemanha e suas oportunidades”, diz Rodrigues. 

Alves vê a experiência na capital alemã como transformadora. “A oportunidade de conhecer em primeira mão inovações desenvolvidas por grupos de diversas partes do globo vai certamente nos inspirar. Poder trocar ideias com pesquisadores não só competentes, mas também engajados com uma ampla visão humanística, vai ser extremamente enriquecedor”, afirma. 

Camila Didio, que completou o pódio e ganhou o Prêmio DAAD de Empreendedorismo, foi convidada como ouvinte, e participa da Innovation Week como vencedora do prêmio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). Acompanham as três empreendedoras Lucas Cardoso Lázari, participante da Young Innovators Week 2022, cujo projeto foi escolhido pelo órgão para participar da semana, e Caroline Trevisan, vencedora do Prêmio de 2020.

A Innovation Week é uma realização do DAAD e da aliança das universidades alemãs de tecnologia TU9, que acontece depois do Falling Walls. Neste ano, os participantes serão divididos em workshops presenciais com informações sobre empreendorismo e inovação, treinamento para apresentações e muitas oportunidades de networking. Ao final da semana, os convidados farão pitches e um deles será escolhido para receber mentoria de acompanhamento. Em 2020, Trevisan venceu o concurso, que foi realizado on-line. 

Etapa brasileira do Falling Walls Lab

O ano de 2022 marcou a primeira vez em que a etapa brasileira, realizada em Porto Alegre em 8 de setembro, teve um pódio totalmente feminino. Rodrigues, a vencedora, propôs a criação de um stent cardíaco bioabsorvível que reduz riscos ao paciente.  

A proposta da pesquisadora é criar tubos que sejam absorvidos pelo corpo depois de cumprirem sua função, evitando, assim, falhas que podem ocorrer depois de muito tempo instalados. Desenvolvidos com polímeros sintéticos já utilizados na medicina e proteínas derivadas de tecidos do corpo (como colágeno e elastina), custariam cerca de US$ 200, ou seja, 97% menos que o preço máximo de um stent convencional, de acordo com a doutoranda.  

“Espero que meu projeto ganhe visibilidade para a importância do avanço de seu potencial tecnológico. No Falling Walls Lab e na Innovation Week, espero aprender melhor os caminhos para tirar essa ideia do laboratório e efetivamente transformá-la em um produto que possa melhorar a qualidade de vida das pessoas e, talvez, levar esse projeto para o ecossistema de inovação da Alemanha”, afirma Rodrigues. 

Já Alves apresentou um software, desenvolvido conjuntamente com a equipe da Archiflex, que pretende tornar realidade a construção civil neutra em carbono. Com base em um banco de dados, o programa mostra já durante a fase de projeto o impacto da obra. Assim, diretamente pelo software, é possível adquirir materiais ecologicamente corretos e fazer projetos sustentáveis e de baixo impacto ambiental.  

“Acredito que nossa solução vai certamente ganhar profundidade e nuances que contemplem inovações e temas em pauta em outras partes do mundo. Ao mesmo tempo, os relacionamentos criados a partir da experiência em Berlim têm tudo para originar trocas e parcerias, fortalecendo uma comunidade global que compartilha um senso de responsabilidade humana e ambiental”, diz. 

Por sua vez, Didio, mestranda em geoestatística pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e idealizadora da startup PBF Nutrition, apresentou um produto biodegradável e não tóxico chamado Fênix-C. Feito a partir de uma tecnologia desenvolvida e patenteada pela Unicamp, usa resíduos agrícolas para estimular a fotossíntese das plantas e, de acordo com testes feitos pela equipe da startup, tem potencial para aumentar a produtividade no campo, que vem sendo afetada pelas mudanças climáticas, sobretudo secas e geadas. 

A etapa brasileira, uma promoção da Falling Walls Foundation, foi transmitido ao vivo e é organizada anualmente pelo DWIH São Paulo, em parceria neste ano com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, o Tecnopuc e a Euraxess.