Diversidade nas equipes é indispensável para a inovação

Diretora do Centro Aware, Anne-Sophie Kopytynski ressalta a importância da cooperação entre academia e indústria para impulsionar a inovação

No segundo dia do 8º Congresso Brasil-Alemanha de Inovação, 25 de setembro, Anne-Sophie Kopytynski – uma das convidadas do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) São Paulo e representante da Universidade de Ciências Aplicadas de Ingolstadt (THI) – participou do painel “Human-driven Innovation” e trouxe uma perspectiva acadêmica sobre inclusão e diversidade, que, segundo a congressista, passa pela formação de times interdisciplinares e intersetoriais.

Após uma breve introdução do contexto universitário – que inclui os objetivos de internacionalizar a universidade e fazer dela uma impulsionadora de inovação –, a diretora administrativa do Centro Aware mencionou a formação de redes internacionais e a cooperação com a indústria. Estes seriam dois aspectos que, unidos, possibilitariam ecossistemas inovadores, tanto nas universidades quanto na indústria.

Foi nesse sentido que Kopytynski apresentou a parceria entre a THI, universidades e institutos de pesquisa brasileiros e empresas do ramo automotivo, que formam a rede Aware (Rede Aplicada de Pesquisa e Educação Automotiva) desde 2013. Em 2020, a rede se expandiu e lançou o Centro Aware (Centro de Pesquisa e Tecnologia da Baviera com a América Latina), que oferece a pesquisadores, professores e estudantes uma infraestrutura robusta e os conecta a diferentes setores da indústria.

Dentre os exemplos inovadores, a congressista apresentou a spin-off Mobilis, que surgiu a partir do Fórum de Mobilidade Elétrica 2013, realizado pela rede Aware em Joinville. Voltada para a combinação entre pequenos veículos elétricos e serviços de compartilhamento de carros, a startup catarinense, formada por alemães e brasileiros, talvez seja hoje uma das empresas mais inovadoras no ramo da mobilidade em Santa Catarina, segundo Kopytynski.

O incentivo à cooperação com instituições brasileiras e empresas tem justificativa em uma interpretação alternativa de diversidade. “Em nosso contexto, diversidade e inclusão significam mesclar disciplinas, nacionalidades, níveis de pesquisa e estudo, academia e indústria”, compartilhou a alemã. Combinar práticas de ensino e métodos industriais envolve uma série de desafios compensados pelos benefícios alcançados por ambos os lados. “O que fizemos foi abrir as portas para misturar equipes. Tentamos estabelecer essa política, porque se você fecha uma porta perde mentes brilhantes”, concluiu a diretora do Centro Aware.

Kopytynski ainda aproveitou a participação no congresso para dar uma dica aos líderes do ramo industrial: “Não foquem em resultados rápidos; inovação requer tempo, mas vale a pena investir esse tempo para alcançá-la.”

Outras perspectivas
Junto a Kopytynski, participaram do painel Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da Natura, e Adriana Castro, CEO da Ben & Jerry’s no Brasil. Mesmo representando diferentes áreas, as três profissionais mostraram opiniões semelhantes quanto à indissociabilidade de temas como inclusão e diversidade ao desenvolvimento de ideias inovadoras. A conversa teve moderação do presidente executivo e CEO do Grupo Bayer Brasil, Marc Reichardt.

Hills apresentou a diversidade como parte do planejamento estratégico da Natura para as próximas três décadas. Não teria como ser diferente, segundo ela, considerando que o público-alvo da empresa é diverso por si só. “É quase inimaginável termos produtos e serviços para uma população diversa sem conseguir representar essa diversidade aqui dentro”, justificou.

A importância de um cliente sentir-se representado passa pelas etapas internas de criação, que são mais ricas quanto mais diversas forem as origens das pessoas que compõem o time. Foi o que afirmou a CEO de Ben & Jerry’s ao defender um olhar recrutador que vá além das capacidades técnicas. “A capacidade de criação vem muito mais da jornada, das vivências que as pessoas tiveram. Novos olhares trazem novas perspectivas”, disse Adriana Castro.

O Congresso Brasil-Alemanha de Inovação é organizado anualmente pela Câmara de Comércio Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), tendo neste ano mais uma vez a correalização do DWIH São Paulo. Em 2020, o CBAI ocorreu nos dias 24 e 25 de setembro.