Em evento digital, ProQR apresenta material didático sobre descarbonização da aviação

Objetivo dos parceiros do ProQR é disseminar conhecimento e interesse sobre o tema para o público acadêmico.

O mundo debate, desde o Acordo de Paris de 2015, maneiras criativas de diminuir o impacto humano na emissão de CO2. Apesar dos esforços mundiais em algumas frentes para reduzir as fontes de poluição atmosférica, a área de aviação registrou um aumento de 32% de CO2 entre 2013 e 2018, período anterior ao início da pandemia, de acordo com o Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT).

Com o objetivo de mudar esse cenário, desde 2017, Brasil e Alemanha trabalham juntos na missão de desenvolver um combustível sustentável para uso na aviação. A cooperação entre instituições dos dois países resultou no projeto Combustíveis Alternativos sem Impactos Climáticos (ProQR), que foi apresentado ao público acadêmico no webinário “Aprender sobre Descarbonização da Aviação”, realizado no último dia 27 de outubro, com apoio do DWIH São Paulo.

O projeto tem foco em três áreas: apoio a construção de uma planta-piloto para produção do insumo, que está em fase de implementação; a criação de parâmetros para o uso desses combustíveis e a formação de pesquisadores na área. Do lado alemão, o parceiro de implementação do ProQR é a agência alemã de cooperação internacional (GIZ), tradução livre de Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit, e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Do lado brasileiro, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) conduzem o projeto.

Para além dos benefícios de sustentabilidade do projeto em si, Tina Ziegler, Diretora do ProQR – GIZ Brasil, citou outras vantagens observadas com a proposta. “Isso traz perspectivas de diminuir os custos logísticos (especialmente em aeroportos remotos) e a criação de empregos em áreas onde há escassez de trabalho”, destacou.
Por que o Brasil foi escolhido como parceiro da Alemanha no projeto?

O Brasil está em uma posição ideal para atender aos requisitos do ProQR: existe muita luz solar em todo o país para sistemas fotovoltaicos, muitos lugares têm vento constante ou outras fontes de energia renovável, de baixo custo e sem impactos climáticos.
Jürgen Kern, pesquisador sênior do DLR, e co-autor do material didático do ProQR, apresentou o seguinte slide que sintetiza, de forma bem simplificada, a visão técnica da produção de combustíveis alternativos estudados no projeto.

“O slide mostra os principais módulos de produção de combustíveis alternativos. Iniciamos o projeto usando energia solar e eólica, fontes energéticas abundantes no Brasil”, explicou Kern. “Depois passamos para a produção de hidrogênio, usando a água e, como há também muito CO2 no Brasil, seja proveniente de fonte industrial ou de biomassa, transformamos esses gases em um combustível sintético”, completou o pesquisador.

Como apontado por Cláudio Mota, professor titular e diretor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e revisor do material didático do ProQR, desde a revolução industrial, quando a humanidade começou a usar os combustíveis fósseis, a concentração de CO2 na atmosfera já aumentou mais de 40%.

“O programa ProQR vem atender exatamente essa necessidade de emitir menos CO2, mas sem afetar o nosso modo de vida. Acho que ninguém pode imaginar a volta à era pré-revolução industrial, onde viagens transcontinentais duravam meses em navios”, destacou o cientista.

De uma certa maneira, é como se o projeto reciclasse o CO2 e o transformasse em combustível sintético, uma solução para dois problemas do planeta: a emissão de gases poluentes e a escassez de recursos fósseis.

Para Amanda Gondim, coordenadora da Rede Brasileira de Hidrocarbonetos e Bioquerosene Renováveis para Aviação (RBQAV) e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a evolução do projeto em tão pouco tempo é um feito notável. “Há alguns anos, quando falávamos sobre combustíveis renováveis à aviação, parecia uma promessa num futuro muito distante, mas o ProQR mostrou que é possível uma transformação rápida da indústria de combustíveis”, avaliou.

A pesquisadora também comentou sobre a importância do lançamento do material didático do projeto: “não existe no mundo material tão rico e compilado dessa maneira sobre a temática como o que está sendo lançado pelo ProQR”.

Para apresentar os resultados do projeto ao público acadêmico, os parceiros do ProQR já agendaram um novo webinário para o dia 01/12, às 9h (BRT). Os interessados podem se inscrever no e-mail proqr@giz.de, com o assunto do e-mail, registration webinar academia.