Brasil e Alemanha unem forças para uma aviação comercial mais limpa

Projeto da agência alemã de cooperação internacional (GIZ) com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) aposta em eletrocombustíveis renováveis.

O mundo debate, desde o Acordo de Paris, de 2015, maneiras criativas de diminuir o impacto humano na emissão de carbono. Em alguns países, como na Alemanha, já há legislação que determina a neutralização de todas as emissões de gases de efeito estufa até 2015. O Brasil, por sua vez, é considerado um país com baixo nível de emissão de CO2, pois a base da matriz energética do país é limpa. Essas duas potências mundiais resolveram unir esforços em um estudo para reduzir o impacto ambiental do combustível de aviação no planeta.

O projeto ProQR – Promovendo Combustíveis Alternativos sem Impactos Climáticos, uma iniciativa da agência alemã de cooperação internacional (GIZ) para a geração de combustíveis alternativos à aviação, foi narrada durante o Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade na mesa-redonda “Cleantechs – Inovações e novas tecnologias para zerar a pegada de carbono”. Eduardo Soriano Lousada, diretor da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), parceiro da GIZ na implantação do projeto no Brasil, contou como surgiu a parceria.

“Nos próximos anos, a aviação comercial não vai mudar. A eletrificação, como no caso dos carros, ainda está muito longe de se tornar realidade neste setor”, destacou Lousada. Para o executivo do MCTI, como a eletrificação na aviação ainda é algo experimental, a única forma de reduzir as emissões de CO2 no segmento, a curto prazo, é produzindo combustíveis renováveis que podem ser misturados com combustíveis fósseis.

Essa é a base do projeto ProQR, de acordo com o representante do governo federal brasileiro. “A proposta é criar eletrocombustíveis renováveis, cujos insumos são produzidos a partir da energia eólica e solar como o gás de síntese, uma mistura de hidrogênio que pode ser feito da eletrólise ou por CO2”, explicou.

O Brasil está em uma posição ideal para atender aos requisitos: existe muita luz solar em todo o país para sistemas fotovoltaicos, enquanto muitos lugares têm vento constante ou outras fontes de energia renovável, de baixo custo e sem impactos climáticos. “Sempre fomos considerados um país que usa energias renováveis, principalmente a matriz elétrica. E vai fazer cem anos que criamos o primeiro biocombustível no Brasil”, salientou o representante do MCTI.

De acordo com nota da GIZ, sob condições reais, o projeto prova que a produção e o uso de eletrocombustíveis renováveis são economicamente viáveis. Isso abre novas possibilidades para a aviação e outras áreas de transporte onde não há potencial para eletromobilidade. Em suma, os resultados contribuem para o transporte sem CO2 – no Brasil e no mundo.

Participaram ainda da mesa redonda, Luiz Antonio Mello, Business Development Manager na Thyssenkrupp Industrial Solutions e Sergio Jacobsen, CEO da Siemens Smart Infrastructure. A moderação do painel foi feita por Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha.