Como a integração de produtos e serviços digitais gera valor aos negócios

Especialista em servitização e digitalização revela os benefícios de transformar produtos em serviços no 9º Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade.

Do que é feito o Iphone para ter um preço tão elevado? A resposta técnica para essa pergunta seria de metais, microchips, vidro e de outros materiais comumente utilizados em eletrônicos. Mas ao comprar um iPhone o consumidor não está apenas pagando pelo material, mas sim pela experiência da integração de serviços digitais conectados ao aparelho e também pela marca.

O professor Heiko Gebauer, do Fraunhofer Center for International Management and Knowledge Economy (IMV), usou esse exemplo para ressaltar o poder de mercado da servitização e da digitalização dos negócios. “Uma vez que a companhia encontra os dois caminhos, da digitalização e da servitização, oferecendo serviços e produtos digitais, dificilmente ela é alcançada pelos concorrentes”, afirmou Gebauer na palestra “Digitalização e Servitização”, apresentada no primeiro dia do 9º Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade.

Há vinte anos, o representante do Fraunhofer Center estuda a temática, tanto do ponto de vista acadêmico, como sob a perspectiva de negócios. Na visão de Gebauer, os modelos de assinaturas tais como Netflix, Zoom e até assinaturas de carros são exemplos clássicos de companhias que conseguiram lidar com essas duas vertentes. “Uma vez que os clientes têm de pagar mensalmente para ter acesso ao serviço, a estratégia melhora a performance de lucros da empresa”, destacou.

Porém, ponderou o especialista, nem todas as empresas conseguem agregar o modelo da digitalização e servitização em seus negócios. Uma empresa que trabalha com commodities, por exemplo, dificilmente consegue agregar serviços ao business core da organização.

Gebauer também reforçou que, no caminho da combinação dos mundos da servitização e da digitalização, as empresas podem se deparar com o paradoxo digital: “Não é fácil atingir as vantagens dessas duas vias, por mais que a organização invista em serviços digitais, às vezes, ela não consegue convencer o consumidor a pagar por esse benefício.” No entanto, o especialista incentivou o ingresso nessa plataforma de negócios. “Vale a pena tentar correr o risco”, finalizou