A resposta do planeta contra as emissões de CO2 precisa ser mais imediata

Keynote speaker do 9º Diálogo Brasil-Alemanha fala sobre a correlação dos eventos extremos das cidades e as emissões de gases de dióxido de carbono

O aumento do número de furacões nos EUA, a aceleração das ondas de calor na Europa e as frequentes enchentes em cidades metropolitanas brasileiras têm a mesma causa: os efeitos das mudanças climáticas. “Ao mesmo tempo que as cidades precisam lidar com esses eventos extremos, elas também devem criar uma agenda de ações para mitigá-los”, defendeu Stefan Rahmstorf, keynote speaker alemão do 9º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação, “Cities and Climate – The Multi-level Governance Challenge.

Na apresentação “What climate change will cities face?”, o professor de física dos oceanos na Universidade de Potsdam, deixou clara essa correlação de como as cidades são vítimas e ao mesmo tempo causadoras dos problemas climáticos. Se em 1950, a população urbana representava apenas 30% do total de habitantes do planeta, em 2015 (65 anos depois), essa proporção quase que dobrou, passando para 52%, o que, segundo o climatologista, explica o aumento da temperatura global em mais 1 grau Celsius neste mesmo período.  

Na visão do cientista, a humanidade precisa agir urgentemente para barrar essas projeções de aquecimento global. “Não é dever das próximas duas gerações limpar essa bagunça e encontrar uma maneira de tirar o CO2 da atmosfera”, frisou.

Para Rahmstorf, se as nações que assinaram o Acordo de Paris já tivessem criado um plano eficaz contra as emissões de dióxido de carbono teríamos condições de zerar as emissões de carbono até 2050, como acordado no documento. Porém, como quase nada foi feito nesses últimos oito anos, a resposta do planeta contra o aquecimento global terá de ser mais imediatista do que o previsto.

“Mesmo que a meta do acordo climático de Paris seja cumprida e o aquecimento global fique abaixo de 2ºC, o nível dos oceanos poderia ainda assim subir dois metros até 2030”, afirmou o cientista alemão.

O professor lembrou que só recentemente o governo alemão tomou ações mais objetivas para contra a emissão de CO2. De acordo com a nova Lei de Proteção Ambiental alemã, o país deve reduzir drasticamente – 35% em relação ao percentual registrado em 1990 – as emissões dos gases causadores do efeito estufa até 2030.